ONDAS DE TRANSFORMAÇÃO



A vida é um grande mar,
Quiçá, imenso oceano,
Onde singra-se sem trégua,
No barco corpo humano.

De ondas sempre diversas,
Hora a hora se alternando,
Entre suaves e revoltas,
O corpo/barco chacoalhando.

Somos nós nesse sentido,
Barcos de carne a seguir,
O caminho que escolhemos,
Com compromissos a cumprir.

Enquanto barco singramos,
Sempre conforme conseguimos,
Mas é no singrar a vida,
Que vamos evoluindo.

Pode se singrar a esmo,
Como barco à deriva,
Sem rumo e sem consciência,
Perdido na própria vida.

Estacionado em si mesmo,
Teimando em remar sozinho,
Contra o balanço da vida,
Que sempre indica o caminho.
A cada instante uma estrela,
Um astro ou outro sinal,
Se mostra ao navegante,
Chamando-o a vencer o mal.

O mal de singrar a esmo,
Por oceano revolto,
Sutilmente lhe indicando,
O norte que leva ao porto.

Mas cego, surdo e insensível,
O navegante não vê,
Insiste em singrar a esmo,
Sozinho até perecer.

Quando então morre, renasce
Em outro corpo/barco a singrar
O oceano da vida,
De onde não pode escapar.

Para navegar seguro,
É preciso observar,
Dedicar-se ao estudo,
Do que a vida nos dá.

Sabendo que porto seguro,
Existe a nos esperar,
Mandando-nos todo o auxilio,
De que vamos precisar.


Só a ignorância e o descuido,
Podem nos impedir de acessar,
Toda ajuda que o porto,
Sempre manda sem cessar.

Problemas, dores, doenças,
São oportunidades ao ser,
Para além do que se pensa,
Do que se julga saber.

Convidam à reflexão,
A mudar de opinião,
Deixar a atual posição,
E avançar com direção.

Cada circunstância assim,
Não é mera punição,
São oportunidades então,
De mudar a situação.

Ondas de transformação,
A que se é convidado,
A se religar ao todo,
Se religando ao sagrado.

Tomando conhecimento,
De si, do outro e do todo,
E a cada onda que chega,
O barco ganha um renovo.


Assim, no oceano vida,
Deste ou do outro lado,
Na matéria ou no espírito,
Sempre se tem o chamado.

É a voz do eterno Pai,
Que a tudo fez com amor,
Chamando e atraindo,
A criatura ao criador.

Estando o criador,
Oculto na criatura,
Por suas obras se mostra,
Na terra ou nas alturas.

E a vida mar oceano,
É palco dos desenganos,
Onde se segue singrando,
Mesmo sorrindo ou sangrando.

Evoluindo ou estacionado,
À deriva ou avançando,
São dádivas que Deus,
Por amor está sempre dando.

O itinerário da viagem,
Tem certos condicionantes,
Além de cada escolha,
Que é feita a cada instante.


Além das dívidas e defeitos,
Limites de cada viajante,
O interesse coletivo,
Também é condicionante.

Pois mesmo sendo indivíduo,
Existe elo comum,
Unindo todos a todos,
E todos a cada um.

Assim é que se evolui,
Nessa viagem que é viver,
Indivíduo e coletivo,
Todos chamados a crescer.

Restabelecendo ao singrar,
A harmonia perdida,
Consigo, com outro e com Deus,
Durante a queda sabida.

E ao se rearmonizar,
Retornando ao criador,
Vai se fazendo conhecido,
Tornando se conhecedor.

Imaterializando assim,
O que a consciência criou,
Na queda ao contrair-se,
Deixando o criador.


E ao passo que se singra,
Esse mar oceano vida,
Vai se voltando pra casa,
Para a morada perdida.

Aos braços do pai amor,
Que um dia nos viu partir,
Dilapidando seu patrimônio,
Teimando assim em cair.

Descendo às trevas profundas,
No caos da materialidade,
Olhando o céu à distância,
Sempre a sofrer de saudade.

Da casa paterna perdida,
Num ato de vaidade,
Onde deixando o sistema,
Caímos em anátema.

Distante entre as prostitutas,
A nos nutrirmos de lavagem,
Adulteramos a obra,
Da suprema caridade.

Involução foi a queda
A descida de verdade
Evolução é voltar
Aos braços da majestade.


Ao colo do Deus poesia,
Esse pai de eterna bondade,
Que dia a dia nos espera,
Na mais sublime saudade.

De tanto que sente e quer nos,
Ao nosso encontro vem,
Para acolher-nos na volta,
Para todo o sempre amém.

Criamos o antissistema,
Quando a queda se deu,
Morada do ser material,
Muito distante de Deus.

Agora para voltar,
Subir de volta para o céu,
Preciso é vencer as trevas,
Que a todos nós corrompeu.

Mas Deus é o porto seguro,
Que dia e noite vigília,
Ansioso pela volta,
De seus filhos e suas filhas.

Ao passo que singramos a vida,
E vamos evoluindo,
Vamos então nos conhecendo,
Conforme nos soerguemos.


Nesse caminho de volta,
Somos nós todos iguais,
Os que caíram primeiro,
Igualmente os demais.

Tantos que caíram do céu,
Como os nascidos no cativeiro,
Somos nós filhos rebeldes,
Distantes do amor primeiro.

Voltando a duras penas,
Do antissistema ao sistema,
Nosso céu lugar comum,
Para enfim se cumprir,
Que filhos e pai são um.

Quem vê o filho vê o pai,
Quem vê o pai vê o filho,
No céu com Deus seremos um,
No mesmo amor de intenso brilho.

Hoje exilados na vida,
Singrando como queremos,
Contamos com irmãos mais evoluídos,
Que instruí-nos nós tão pequenos.

São os vários campos da volta,
Que se avança ao singrar,
Nos mais distintos corpos,
Para vários tipos de mar.

Que é a vida em várias dimensões,
Da matéria ao espírito,
Os filhos lindos de um Deus,
Pai lindo de amor infinito.





Kiko di Faria

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